Cercado de expectativa, o novo álbum dos britânicos, "The Resistance", chega ao mercado mostrando que o Muse resiste e continua inspirado. Depois de quatro álbuns e do reconhecimento da mídia e dos fãs, o Muse não se aquieta. Ainda bem. Mais uma vez, a banda acerta na mistura de influências, sonoridades e idéias que poderiam soar desconexas. Mas não soam. "The Resistance" é como uma colcha de retalhos em que cada pedaço parece ter sido feito exclusivamente para se encaixar no fragmento que vai ao seu lado. A música flui, amalgamando batidas eletrônicas quase dançantes com distorções e passagens que remetam a trilhas sonoras. O disco começa com "Uprising", escolhido como primeiro 'single', que mostra um lado bastante comercial da banda, mas não se despe da aura alternativa. Assim como a canção seguinte, que dá nome ao álbum, esta é uma faixa aparentemente fácil, mas intensa. "Undisclosed Desires", que vem na seqüência, reafirma essa intensidade falando de um amor incondicional - é um dos destaques do álbum. Outro destaque é "I Belong To You", canção que entrou na trilha sonora do filme "Lua Nova". A produção do álbum ficou nas mãos da própria banda, o que certamente lhes deu liberdade para experimentar - e viajar à vontade - nas sonoridades que se ouve no repertório. O trio se concedeu o direito, inclusive, de compor uma faixa, a bela "United States of Eurasia", que é uma mescla de rock progressivo, referências ao Queen, elementos orientais e ainda traz conhecidos trechos de "Noturno", do compositor Frédéric Chopin, como música incidental. Não é tarefa para qualquer um. A citada canção teve também um lançamento interessante. Numa espécie de caça ao tesouro, a banda dividiu a música em 7 partes. Cada trecho foi gravado num pen drive e deixado em um local movimentado de uma grande cidade (Paris, Berlim, Dubai, Nova York, Moscou, Tokyo e Hong Kong). Quando o pen drive era encontrado, a pessoa fazia o upload do trecho para o site da banda. Quando todas as partes foram encontradas e enviadas, a banda disponibilizou a música gratuitamente para os membros cadastrados no site. O Muse encerra o repertório de "The Resistance" ousando, com o 'monstro sinfÔnico' "Exogenesis: Symphony", uma canção dividida em três partes, com influências de música clássica, com pianos, orquestração da EdoDea Ensemble, guitarras e ambiências - tudo em 12 minutos épicos. Formado por Matthew Bellamy (voz, guitarra, teclado, piano), Christopher Wolstenholme (baixo, voz) e Dominic Howard (bateria, percussão, sintetizador) o grupo parece ter atingido a excelência em sou novo álbum. "The Resistance" é imperdível.
Faixas do CD:
01. Uprising 02. Resistance 03. Undisclosed Desires 04. United States of Eurasia (Collateral Damage) 05. Guiding Light 06. Unnatural Selection 07. MK Ultra 08. I Belong to You (Mon coeur s'ouvre à ta voix) 09. Exogenesis: Symphony Part 1 (Overture) 10. Exogenesis: Symphony Part 2 (Cross-Pollination) 11. Exogenesis: Symphony Part 3 (Redemption)
A voz grave e tão característica de Eddie Vedder e a sonoridade das 11 canções de compõem o repertório de "Backspacer", nono álbum da discografia do Pearl Jam, não deixam dúvida: o quinteto de Seattle continua produtivo e criativo. É essa identidade forte - que garante a fidelidade incondicional dos fãs - que molda o novo álbum. Há alguns elementos pop que deixam o conjunto das canções bastante fácil de ouvir e isso talvez seja resultado do trabalho de Brendan O'Brien. O produtor, que já trabalhou com artistas como Bruce Springsteen, Black Crowes e Stone Temple Pilots, foi o responsável pela produção dos álbuns "Yield", "No Code" e "Vitalogy" do Pearl Jam. O novo álbum foi majoritariamente composto por Eddie Vedder e pelo guitarrista Stone Gossard e as canções refletem seus estilos. Do baixista Jeff Ament, somente "Got Some", uma faixa agitada, talvez a mais rock n' roll do álbum todo, que lembra o estilo de "Just Like That" de seu disco solo. Baladas como a linda "Just Breathe" - na praia das canções que Vedder compôs para a trilha do longa "Into the Wild" - e "Amongst the Waves" dividem espaço com canções mais cruas como "Gonna See My Friend". Um clima arrastadão atravessa todo o repertório, mesmo quando o ritmo acelera. A novidade, talvez, esteja na aura positiva que ronda as letras de "Backspacer". Elas revelam um Pearl Jam menos engajado, mais solto e esperançoso. Repare no tom de salvação presente na canção "Amongst the Waves": "I can see the light / Coming through the clouds in rays". Eddie Vedder chegou a declarar que o otimismo que se ouve no álbum é fruto da chegada de Obama à presidência dos EUA. E quando fala de vícios, em "Gonna See My Friend" e "Speed of Sound", por exemplo, é para sugerir que fiquemos longe deles. Até o amor está presente em algumas das faixas, podendo-se incluir aí o amor pela música em "Supersonic".
Faixas do CD:
01. Gonna See My Friend 02. Got Some 03. The Fixer 04. Johnny Guitar 05. Just Breathe 06. Amongst the Waves 07. Unthought Known 08. Supersonic 09. Speed of Sound 10. Force of Nature 11. The End
Fãs de Nu Metal alegrem-se. Eis mais um título para a coleção. Todos os outros podem passar batido. Prestes a completar uma década de existência a banda norte-americana Otep lança o quarto álbum da carreira, “Smash the Control Machine”. O grupo é liderado pela vocalista Otep Shamaya e conta com os músicos ‘Evil’ J. McGuire (baixo), Rob Patterson (guitarra) e Mark ‘Moke’ Bistany (bateria). Caso você não conheça o som do Otep e esteja pensando “mas afinal, o que essa banda toca?” te digo que não é necessário se preocupar muito com isso. O Otep é uma das bandas que surgiram durante os últimos suspiros do Nu Metal e é isso o que se ouve neste álbum. “Smash the Control Machine” foi produzido por Ulrich Wild, produtor que já trabalhou com outros grupos que provavelmente foram influencia para o Otep, como White Zombie, Pantera e Static-X. “Rise, Rebel, Resist” abre o álbum com uma sonoridade que em muitos momentos lembra uma mistura de Soulfly com System of a Down. Esta é uma das músicas mais rápidas e agressivas do disco. O mesmo estilão segue na segunda faixa, “Sweet Tooth”. “Run for Cover” traz uma linha vocal típica da mistura de Metal com Hip-Hop. Música bem cadenciada que deve agradar os praticantes de pula-pula ou pogobol (alguém lembra disso?). Mais estranha do que a barulheira e gritaria estridente e irritante típica do estilo praticado pelo Otep é a faixa “Ur a WMN Now”. Ao ouvir pela primeira vez achei que tinha algum erro e essa faixa fosse de um outro disco. Violinos e piano embalam a voz dessa vez calma e límpida da vocalista. A música destoa totalmente do restante do disco e só piora a situação que já não é lá grande coisa. Fãs de Nu Metal alegrem-se. Eis mais um título para a coleção. Todos os outros podem passar batido.
Faixas do CD:
01. Rise, Rebel, Resist 02. Sweet Tooth 03. Smash The Control Machine 04. Head of Medusa 05. Numb & Dumb 06. Oh, So Surreal 07. Run For Cover 08. Kisses & Kerosene 09. Unveiled 10. Ur A WMN Now 11. Serv Asat 12. Where The River Ends 13. I Remember
Famoso por suas canções agitadas, cantor surpreende com álbum instrumental de piano.
Que Andrew W.K. nunca foi muito normal todo mundo sabe. Mesmo assim, o músico e cantor americano ainda consegue surpreender a cada álbum lançado. Depois de gravar versões para sucessos pop japoneses, ele agora lança “Cadillac 55”, um álbum instrumental de piano. Sim, é isso mesmo. No novo álbum, Andrew W.K., conhecido entre outras coisas por suas músicas festeiras, distorcidas e agitadas, apresenta um repertório improvisado só de piano. Logo de início temos a ótima “Begin The Engine”, onde o músico flerta com o jazz, o clássico e alguns outros estilos no decorrer dos quase 9 minutos de duração. Mas depois disso, o que temos é pura e simplesmente Andrew W.K. “viajando”. Ele mesmo disse que gravou o disco em apenas duas horas, praticamente “de primeira”, tocando o que vinha na cabeça. “55 Cadillac”, portanto, traz consigo muita naturalidade e idéias frescas. As composições fluem sem passar por filtros. O lado ruim disso é que, embora seja um bom pianista, Andrew W.K. não é nenhum gênio. Ou seja, algumas passagens são excelentes, enquanto que outras soam bem chatas. Destaques para a técnica “Central Park Cruiser”, para a bela “5” e para “Cadillac”, que conta com intervenções de guitarra e efeitos eletrônicos discretos, possivelmente a melhor do disco. Uma oportunidade interessante para conhecer um outro lado de Andrew W.K.
Faixas do CD:
01. Begin The Engine 02. Seeing The Car 03. Night Driver 04. Central Park Cruiser 05. 5 06. City Time 07. Car Nightmare 08. Cadillac