Lançamentos:

Pete Doherty - Grace/Wastelands

O primeiro álbum solo de Pete Doherty era esperado com certa ansiedade pelos fãs e pela crítica. Desequilibrado e sempre figurando noticiários por causa do abuso de substâncias ilegais, o músico chegou a anunciar que jogaria fora canções que compôs para o álbum por achar que elas estavam ruins. É desnecessário afirmar que o inglês tenha talento - isso fica provado pelo sucesso que fez quando lançou o Libertines. E é por isso mesmo que a pressão e expectativa em cima de qualquer coisa que faça acabam crescendo. É uma realidade que até poderia ser usada para justificar seus abusos, caso Doherty se importasse realmente com isso. A queda pelas substâncias parece vir da mesma fonte de onde brotam inspirações para suas canções: uma inquietude, um borbulhar constante que se não vira poesia ou melodia, acaba se manifestando em comportamentos autodestrutivos.
Mas entre uma injetada, uma fumada e uma cheirada, Doherty compõem belas canções, como as que se ouvem em sua estréia solo, “Grace/Wastelands”. As 12 faixas do álbum vêm embaladas numa atmosfera acústica e rica em arranjos trabalhados - como acontece em “1939 Returning”. A participação de Graham Coxon, guitarrista do Blur, é discreta, mas precisa. Ele toca em todas as faixas com exceção de “Broken Love Song”. Não há nada muito Blur ou muito britpop em “Grace/Wastelands”, mas há uma pegada que distancia a música de Doherty de seus trabalhos anteriores. Assim, o som que se ouve não é o punk ‘revival’ e agressivo do Libertines ou do Babyshambles. Mesmo “A Little Death Around the Eyes”, que contou com colaboração do ex-parceiro Carl Barât, não é uma música que lembre o Libertines. Ela parece tirada da trilha de algum filme ‘noir’. Em todo o repertório, aliás, há essa aura ‘retrô’, melancólica e sombria. Há exceções, claro. “Sweet by and By”, por exemplo, é um jazz de cabaret. “Palace of Bone” traz percussões. E “Sheepskin Tearaway”, um dueto com Dot Allison, é um folk pop.
A canção que realmente remete a suas outras bandas é “New Love Grows On Trees”, mais por causa da letra do que por sua sonoridade. Ela aborda a juventude sem futuro, idéia herdada do punk inglês dos anos 70. De qualquer modo, é como se Pete Doherty estivesse falando de outro tempo e lugar, que não os seus.

Faixas do CD:

01. Arcady
02. Last of the English Roses
03. 1939 Returning
04. A Little Death Around the Eyes
05. Salomè
06. I Am the Rain
07. Sweet by and By
08. Palace of Bone
09. Sheepskin Tearaway
10. Broken Love Song
11. New Love Grows on Trees
12. Lady Don’t Fall Backwards

Nenhum comentário:


Últimas Noticias